01 agosto 2014

Conferência sobre o valor patrimionial dos arquivos

Conferência "La significación nacional de valor patrimonial de los archivos", proferida por Anna Szlejcher, famosa arquivista argentina, durante o evento "El patrimonio documental pampeano y la importancia de los archivos", organizada pela Associação Pampeana de Conservação do Patrimônio Cultural e o Instituto de Estudos Sócio-Históricos (Faculdade de Ciências. Humanas da Universidade Nacional de La Pampa), em Santa Rosa (La Pampa, Argentina), 06 de junho de 2014:


4 comentários:

  1. Onde estão os arquivos correntes organizados? Onde estão os arquivos intermediários? Preocupar-se com isto, como questão de primeira ordem, torna muito mais fácil a tarefa de preservar os documentos.

    Entretanto, toda fonte que leio no Brasil, o foco está predominantemente no valor secundário dos documentos. Infelizmente "a sociedade dificilmente reconhece o valor dos documentos antes da atingirem a maturidade histórica, quando, por ironia, a maioria dos documentos já terá desaparecido" (Schellemberg).

    É o velho paradigma irritante e dominante na Arquivística nacional: o preciocismo histórico. Preocupam-se tanto com os documentos passados, penasndo no futuro que esquecem dos documentos do presente; quanto o presente "vira" passado, o caos já está instalado.

    Maldita herança francesa.

    Luis Pereira.

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    1. Luis, na verdade vejo no Brasil o descaso geral com todas as idades...

      A suposta valorização do "histórico" (por que aqui não são documentos permanentes, porém semi-museus...) se dá muito mais para justificar gastos exorbitantes --que sempre sobrepujam as mui efêmeras vontades políticas de cuidar da gestão documental--, servindo sempre aos interesses daqueles que se beneficiam com arquivos recentes desorganizados. A culpa não é da herança francesa, porém dos grupos dominantes de sempre, forjados no século XIX, que continuam a dominar os grandes cargos políticos do país em uma aliança estratégica que sempre excluiu o tudo que estivesse ao sul do Rio de Janeiro.

      A nova diretoria da AAB, que não tem nada de nova, tem 100% dos integrantes vinculados ao Rio e não à Sorbone. Brasília tem mais de 50 anos e o Arquivo Nacional continua no Rio, deliberadamente brincando de cego com os documentos da administração publica nacional, e isso não tem relação com os franceses. A revista do Arquivo Nacional acaba de lançar o edital para os artigos de 2015 exclusivamente focados adivinhe para onde...não, não é para Paris, porém para o Rio de Janeiro. Uma revista de uma instituição que deveria representar o país vai publicar um volume só sobre uma cidade!

      Na contra-mão dessa tendência o estado de São Paulo tem conseguido avançar (mesmo que sem tanta eficácia) para mudar o quadro geral, como se pode ver na USP, no AESP, em Idaiautuba, Rio Claro etc. Será que algum dia o AN dará algum foco especial àquela que acabou de ser considerada a cidade mais influente da América Latina? Ver pesquisa da BBC aqui. Ser uma cidade global certamente produz muitos documentos, em todas as esferas da administração pública e privada, mas em São Paulo quem não tem diploma de arquivista não poderia (em teoria) exercer a profissão e o curso mais próximo à capital está no Rio ( 400 km contra 530km de Marília).

      A USP produz 1/3 dos artigos nacionais (ver aqui) e quando somada às outras duas universidades públicas paulistas permite que se diga que sem São Paulo o espaço mundial do Brasil na produção científica seria o de uma república de banana qualquer. São Paulo produz 1/3 do PIB do país e tem 22% da população nacional, porém apenas pouco mais de 10% dos deputados enquanto que o Rio tem seus 8% populacionais devidamente representados na Câmara.

      Poderia colocar mais dados, mas creio que isso é o suficiente para demonstrar que "a herança maldita" começa em 1908 e não é francesa e nem portuguesa...

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    2. Eu concordo, André.

      Infelizmente! Notadamente que tivemos influências francesas, mas os maiores culpados são mesmos aqueles que deveriam ser responsáveis por implementar mudanças. Não é de hoje que critico o Arquivo Nacional, mas eles parecem ignorar todas as críticas de onde quer que venha.

      O AN simplesmente não se abre ao diálogo; lembra mais a época da Inquisição da Igreja Católica em que os fiéis eram apenas obrigados aceitar, unilateralmente, todas as vontades impostas pelo clero. Só que não estamos mais na Idade Média.

      São Paulo, como você bem citou, está na vanguarda. Espero que um dia o AN desça do pedestal.

      Luis

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  2. Luís sua metáfora é interessante. Eu complementaria dizendo que na época da inquisição os condenados pelo menos eram exibidos em praça pública. Hoje a coisa parece muito mais similar ao período da ditatura, no qual as críticas eram suprimidas e seus autores simplesmente desaparecidos, como se nunca hovessem existido. Na inquisição as crítcas eram severamente combatidas, junto com seus responsáveis, mas, de algum modo, sua exietência era admitida.

    Descer? acho dífícil... Haja vista situações bem mais inquietantes que soem ocorrer em muuuuitos arquivos nacionais, sobretudo os de tradição ibérica...

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