07 outubro 2010

Cirandinha cultural


A Revista Cult divulgou, no mês de setembro deste ano, os 150 espaços culturais mais importantes do país. É claro que todas as matérias que se aventuram pelos caminhos desse tipo de tentativa mirabolante de elencar os "Os 100 melhores filmes da história", os "300 discos do século XX", as "50 personalidades mais influentes da humanidade", já estão fadadas ao fracasso pelo próprio intuito da busca e pelo enorme universo de seu objetivo inicial. Toda vez que leio esse tipo de matéria me sinto como aquela pessoa que tenta no final de um trabalho árduo, um livro, uma tese, uma dissertação, ou até mesmo num discurso de aniversário, agradecer e elencar as pessoas queridas pela participação no feito. Ou seja, é fato que sempre alguém será esquecido da lista maldita.


No caso da lista em questão (ACESSE AQUI), o que mais nos chama a atenção não é o fato de que alguns centros culturais importantes estão fora da dita cuja, mas sim o fato de que nenhum arquivo sequer está na lista. Isso nos traz a seguinte questão: afinal, os arquivos são ou não são centros culturais? Nos comentários aqui do blog falou-se muito da questão de se observar os arquivos enquanto serviço de apoio às tomadas de decisões, transferindo a tônica de um caminho marcadamente histórico para a conduta das rotinas administrativas das organizações, dando ênfase aos arquivos de gestão, porque a literatura da área intensifica muito a visão da pesquisa. Contudo, ao que parece, os investimentos ainda não foram suficientes para o reconhecimento pelos "pares", já que nenhum arquivo municipal ou estadual  foi incluído numa lista de centros culturais. Isso nos remete à ideia de que os arquivos tentam se inserir dentro de uma discussão cultural, a cirandinha em questão, sem o reconhecimento das crianças que brincam do outro lado. E agora, eles nos chamam pra brincar ou a gente entra na roda?

Postado por Rodrigo Fortes

3 comentários:

  1. Interessante proposta. As perguntas são o início para as respostas, mesmo que as vezes sejam realizados muitos loops. Os arquivos encontram-se na fase de interpretação de leituras de auto-ajuda. Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Alguns profissionais de outras gerações são categóricos: o arquivo é memória. Outros, de safras mais recentes, arrepiam os cabelos quando escutam algo que não seja a gestão de documetnos para a própria administração. Quem está certo? A resposta estaria em outra pergunta: qual o contexto? Ops, mais um loop.

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  2. MAIS UM EX DE Q SÓ PRESERVAR NÃO BASTA. SERÁ Q QD VAMOS ENTENDER ISSO?

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  3. Os arquivos por se declararem lugares de memória e, por conseguinte, espaços culturais não se aperceberam que não basta apenas a declaração de tal "status", é preciso agir como tal. Os arquivos se dizem de "portas abertas" para a sociedade, mas quando olhamos para estas "portas abertas" o que vemos do outro lado: apenas penumbra ou escuridão. Os arquivos e arquivistas precisam jogar luzes nesta penumbra. Fazer mover as estruturas de informação e conhecimento que estão em seus acervos e movimentando-as gerar novas informações e novos conhecimentos e aí, independetemente para quem se destine essas novas informações e esses novos conhecimento, os arquivos serão, efetivamente, espaços de cultura e conhecimento.

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